Movimentos no Subúrbio

Pesado nos olhos, quão leve é meu Afro?
Com o mais opressivo alto-falante
Discursando do ombro a poesia restante,
vibração intensa da raíz, hino essencial,
Vem do asfalto, da terra, das ruas,
mas que física, a batida é verbal.
Sai daqui, de dentro; do ombro,
as palavra mais puras.

É rap, é rua.
Devagar, manso, puxando o peso humano,
os joelhos dos meus irmãos alavancam o ritmo
Ondas precisas de movimento legitimo


Do coração, dos disparos, do embalo no pé
Mas que tudo, há amor entre a tragédia, tenho fé
Então balanço meu cabelo. Gigante, global.
Abanando com a raça toda agressão social.

Sacudindo a cabeça, dançando além do quadrado,
Da forma que o ser humano diz não ser habituado
Que o babuíno, o leão, o molusco, o escravo alforriado
Vêem fazendo a tanto tempo para serem amados

Sai de mim, de dentro;
do ombro, do balanço, no ritmo.
Convence a eles, convence a ti.
Movo-me como minha ascendência moveu
Em volta de fogueiras, princesas, senhores do café.
Resta-me a música, que chora por mim,
a única ainda de pé.

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