Sobre faíscas e brasas.

Tem só aquele momento de ruptura. O cuidado se vai, a casca cresce. Nada que sai de você é fácil ou honesto. De repente, não são mais corpos nus na praia. Temos, no fim, peles de edredom e sonhos tropicais. As chamas brilham para um só, lá ele vê a saída. Olhos revirados, embriaguez, conversa fora e papo barato. Tudo sempre excitante e espontâneo, se souber fugir antes da validade.
E da vontade terrível de viver o fogo, a alma corre pela mata pulando de fogueira em fogueira, sentindo a luxúria e a delicia de quase se queimar. Não há desejo de aproveitar a brasa, que só aquece o casal que está conversando e rindo noite a dentro. Enquanto um se faz em fogo, em noites nebulosas com álcool e iguais. O outro, envolvido como escultor, quer pouco a pouco, esculpir um amor. Pois amor é esforço. É intencional, é proativo sempre. De longe a casca que foge jamais vai voltar pra formar escultura. Seu fogo, mesmo de longe, incendeia a floresta, que passaram tantos dias caminhando juntos, de mãos dadas. O escultor que nao foge de sua obra, se queima, é carbonizado se for apegado e depois nao tem volta. Pois quem lida com fogo não se queima, e quem lida com amor ta destinado a se apegar.
Que se lasque a casca, faça o carvão da escultura pegar fogo no churrasco, coloca a música do Rocky. Estampe um sorriso faceiro.
    


 

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